Mr. Jim

"Ray Manzarek: O Jim e eu licenciámo-nos na UCLA Film School em 1965 - ele com um bacharelato e eu com um mestrado. Ele disse que se ia mudar para Nova Iorque e eu pensei que nunca voltaria a vê-lo. Quarenta dias e 40 noites depois, quase biblicamente, estava sentado em Vince Beach a meio do dia a pensar no que ia fazer da vida, e vejo o Jim Morrison a caminhar à beira-mar, com o Sol por de trás, diamantes a saírem-lhe dos pés.Ele era como o Krishna, como um novo Deus azul. O cabelo tinha crescido e ele começava a parecer-se com o David de Miguel Ângelo.Acenei e chamei-o. Veio ter comigo e disse «Que andas a fazer?», resopndi «Nada, meu. E tu?». «Tenho andado a escrever canções». Isto chamou-me logo a atenção e então disse-lhe «Senta-te, e canta-me uma dessas canções». Ele era muito timido e tinha uma voz muito suave, como a de Chet Baker. A primeira canção que cantou foi «Moonlight Drive», e assim que ouvi a letra «Let´s swim to the moon, let´s climb through the tide, penetrate the evening that the city sleeps to hide», pensei « Uau,meu psicadélico». Aquelas palavras eram puro LSD e nós andávamos a consumir ácidos. Começei a imaginar todas as coisas que podia fazer para o apoiar: um pouco de Jazz, um ritmo de fundo forte, umas entradas à Ray Charles...E pensei «Meu Deus, isto é fantástico.Vamos formar uma banda rock, vamos ser óptimos». Quem é que tínhamos como concorrência? Os Beatles a tocarem Everly Brothers e os Rolling Stones a tocarem blues de Chicago. Isto era uma coisa completamente diferente, um género novo.Disse ao Jim « Isto vai ser psicadélico. Mas temos um problema: que nome lhe damos?». E ele diz «Já tenho o nome, meu. The Doors». Eu disse « The Doors? isso é ridíc.... Ah, tipo as portas da precepção?[o título de um livro de Aldous Huxley acerca da exprimentação psicadélica] As portas da tua mente?». E ele disse «Exactamente. Abre as portas da precepção». E eu «É isso, meu. É isso.»